domingo, 11 de abril de 2010

Série HISTÓRIA DA NOSSA IGREJA: Os Cânones de Dort Parte 01

O sínodo de Dort foi um sínodo nacional que teve lugar em Dordrecht, na Holanda em 1618 e 1619, pela Igreja Reformada Holandesa, com o objetivo de regular uma séria controvérsia nas Igrejas Holandesas iniciada pela ascensão do Arminianismo. A primeira reunião do sínodo foi tida a 13 de Novembro de 1618 e a última, a 154ª foi a 9 de Maio de 1619. Foram também convidados representantes com direito de voto vindos de 8 países estrangeiros. O nome "Dort" era um nome usado na altura em inglês para a cidade holandesa de Dordrecht. O sínodo é por vezes chamado de Sínodo de Dordt, ou Sínodo de Dordrecht. O sínodo decidiu pela rejeição das idéias arminianas, estabelecendo a doutrina reformada em cinco pontos: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, vocação eficaz (ou graça irresistível) e perseverança dos santos. Estas doutrinas, descritas no documento final chamado Cânones de Dort, são também conhecidas como os Cinco pontos do calvinismo.

Fonte: Wikipédia

1º CAPITULO DA DOUTRINA:
A DIVINA ELEIÇAO E REPROVAÇÃO*

Artigo 1 Toda a humanidade é condenável perante Deus
Todos os homens pecaram em Adão, estão debaixo da maldição de Deus e são condenados à morte eterna. Por isso ninguém teria sido injustiçado se ele tivesse resolvido deixar toda a raça humana no pecado e sob a maldição e decidido condená la por causa do seu pecado, de acordo com as palavras do apóstolo: ... para que se cole toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus..., e ... o salário do pecado é a morte ... (Rm 3.19,23; 6.23).

Artigo 2 O envio do Filho de Deus
Mas nisto se manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo .... ... para que todo o que nele crê não pereça, mos tenha a vida eterna. (lJo 4.9; Jo 3.16).

Artigo 3 A pregação do Evangelho
Para que os homens sejam conduzidos à fé, Deus envia, em sua misericórdia, mensageiros dessa alegre boa nova a quem e quando ele quer. Pelo ministério deles, os homens são chamados ao arrependimento e à fé no Cristo crucificado. Porque ... como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? (Rm 10.14,15).
Artigo 4 Um duplo resultado
A ira de Deus permanece sobre aqueles que não crêem no Evangelho. Mas aqueles que o aceitam e abraçam a Jesus, o Salvador, com uma fé verdadeira e viva, são redimidos por ele da ira de Deus e da perdição, e presenteados com a vida eterna (Jo 3.36; Mc 16.16).
Artigo 5 A causa da incredulidade e a fonte da fé
Em Deus não está, de forma alguma, a causa ou culpa dessa incredulidade. 0 homem tem essa culpa, assim como a de todos os demais pecados. Mas a fé em Jesus Cristo e também a salvação por meio dele são dons gratuitos de Deus, como está escrito: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus...(Ef 2.8).
Semelhantemente, Porque vos foi concedida a graça de ... crer em Cristo (Fp 1.29).
Artigo 6 Decreto eterno de Deus
Deus nesta vida concede a fé a alguns enquanto não concede a outros. Isto procede do eterno decreto de Deus. Porque as Escrituras dizem que ele ... faz estas coisas conhecidas desde sécu-los... e que ... ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade ... (At 15.18; Ef 1. 11). De acordo com este decreto, ele graciosamente quebranta os corações dos eleitos, por duros que sejam, e os inclina a crer. Pelo mesmo decreto, entretanto, segundo seu justo juizo, ele deixa os não eleitos em sua própria maldade e dureza de coração. E aqui especialmente nos é manifesta a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre homens que estão sob a mesma condição de perdição. Este é o decreto da eleição e reprovação* revelado na Palavra de Deus.
Ainda que os homens perversos, impuros e instáveis o deturpem, para sua própria perdição, ele dá um inexprimível conforto para as pessoas santas e tementes a Deus.
Artigo 7 Eleição definida
Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e defini~ do de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído, por sua própria culpa, de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, mas envolvidos na mesma miséria. São escolhidos, porém, em Cristo, a quem Deus constituiu, desde a eternidade, Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação. E, para salvá los por Cristo, Deus decidiu dá los a ele e efetivamente chamá los e atrai los à sua comunhão por meio da sua Palavra e de seu Espírito. Em outras palavras, ele decidiu dar lhes verdadeira fé em Cristo, justificá los, santificá los, e depois, tendo se guardado poderosamente na comunhão de seu Filho, finalmente glorificá los. Deus fez isto para a demonstração de sua misericórdia e para o louvor da riqueza de sua gloriosa graça. Como está escrito ... assim como nos escolheu nele, antes do fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado... E em outro lugar: E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também, glorificou (Ef 1.4 6; Rm 8.30).
Artigo 8 Um só decreto de eleição
Esta eleição é múltipla, mas ela é uma e a mesma de todos os que são salvos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. Pois a Escritura nos prega o único bom propósito e conselho da vontade de Deus, pelo qual ele nos escolheu desde a eternidade, tanto para a graça como para a glória, assim também para a salvação e para o caminho da salvação, o qual preparou para que andássemos nele (Ef 1. 4,5; 2. 10).
Artigo 9 Eleição não baseado em fé prevista
Esta eleição não é baseada em fé prevista, em obediência de fé, santidade ou qualquer boa quali-dade ou disposição, que seria uma causa ou condição previamente requerida ao homem para ser escolhido. Ao contrário, esta eleição é para a fé, a santidade, etc. Eleição, portanto, que é a fonte de todos os bens da salvação e, finalmente tem, a própria vida eterna como seu fruto. É conforme o testemunho do apóstolo: Ele ... nos escolheu... não por sermos mas ... para sermos santos e irrepreensíveis perante ele ... (Ef 1.4).
Artigo 10 Eleição baseada no bom propósito de Deus
A causa desta eleição graciosa é somente o bom propósito de Deus. Este bom propósito não consiste no fato de que dentre todas as condições possíveis Deus tenha escolhido certas qualidades ou ações dos homens como condição para a salvação. Mas este bom propósito consiste no fato de que Deus adotou certas pessoas dentre a multidão inteira de pecadores para ser sua propriedade.
Como está escrito: E ainda não eram os gêmeos nascidos nem tinham praticado o bem ou o mal... já lhe fora dito a ela (Rebeca): 0 mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú. E ... creram os que haviam sido destinados para a vida eterna (Rm 9.11 13; At 13.48).
Artigo 11 Eleição imutável
Como Deus é supremamente sábio, imutável, onisciente e Todo Poderoso, assim sua eleição não pode ser cancelada e depois renovada, nem alterada, revogada ou anulada; nem mesmo podem os eleitos ser rejeitados ou o número deles ser diminuído.
Artigo 12 A certeza da eleição
Os eleitos recebem, no devido tempo, a certeza da sua eterna e imutável eleição para a salvação, ainda que em vários graus e em medidas desiguais. Eles não a recebem quando curiosamente investigam os mistérios e profundezas de Deus. Mas eles a recebem quando observam em si mesmos, com alegria espiritual e gozo santo, os infalíveis frutos de eleição indicados na Palavra de Deus, tais como uma fé verdadeira em Cristo, um temor filial para com Deus, tristeza por seus pecados contra a vontade de Deus e fome e sede de justiça.
Artigo 13 O valor desta certeza
A consciência e a certeza desta eleição daria aos filhos de Deus maior motivo para se humilharem perante ele, para adorarem a profundidade de sua misericórdia, para se purificarem e para amarem ardentemente aquele que primeiro tanto os amou. Contudo não é absolutamente verdade que esta doutrina da eleição e a reflexão sobre a mesma os façam relaxar na observação dos mandamentos de Deus ou rendam segurança falsa. No justo julgamento de Deus isto ocorre freqüentemente àqueles que se vangloriam levianamente da graça da eleição ou facilmente falam acerca disso, mas se recusam andar nos caminhos dos eleitos.
Artigo 14 Como a eleição deve ser ensinada
A doutrina da divina eleição, segundo o mui sábio conselho de Deus, foi pregada pelos profetas, por Cristo mesmo e pelos apóstolos, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, e depois escrita e entregue a nós através das Escrituras Sagradas. Por isso, também hoje esta dou-trina deve ser ensinada no seu devido tempo e lugar na Igreja de Deus, para a qual ela foi particu-larmente destinada. Ela deve ser ensinada com espírito de discrição, de modo reverente e santo, sem curiosa investigação dos caminhos do Altíssimo, para a glória do santo nome de Deus e consolação vivificante do seu povo.
Artigo 15 Reprovação* descrita
A Escritura Sagrada mostra e recomenda a nós esta graça eterna e imerecida sobre nossa eleição, especialmente quando, além disso, testifica que nem todos os homens são eleitos; alguns, pois, são preteridos na eleição eterna de Deus. De acordo com seu soberano, justo, irrepreensível e imutável bom propósito, Deus decidiu deixá los na miséria comum em que se lançaram por sua própria culpa, não lhes concedendo a fé salvadora e a graça da conversão. Para mostrar sua justi-ça, decidiu deixá los em seus próprios caminhos e debaixo do seu justo julgamento e, finalmente, condená los e puni los eternamente, não apenas por causa de sua incredulidade, mas também por todos os seus pecados, para mostrar sua justiça. Este é o decreto da reprovação, o qual não torna Deus o autor do pecado (tal pensamento é blasfêmia!), mas o declara o temível, irrepreensível e justo Juiz e Vingador do pecado.
Artigo 16 Como a doutrina do reprovação* deve ser recebida
Há pessoas que não sentem fortemente a fé viva em Cristo, nem firme confiança no coração, nem paz na boa consciência, nem zelo pela obediência filial e pela glorificação de Deus por meio de Cristo.
Apesar disso elas usam os meios pelos quais Deus prometeu operar tais coisas em nós. Elas não devem desanimar quando a reprovação for mencionada nem contar a si mesmas entre os reprova-dos. Pelo contrário, devem continuar diligentemente no uso desses meios, desejando fervorosa-mente dias de graça mais abundante e esperando os com reverência e humildade. Não devem se assustar de maneira nenhuma com a doutrina da reprovação os que desejam seriamente se con-verter a Deus, agradar só a ele e serem libertos do corpo de morte, mas ainda não podem chegar no ponto que gostariam no caminho da piedade e da fé. 0 Deus misericordioso prometeu não apagar a torcida que fumega, nem esmagar a cana quebrada. Mas esta doutrina é certamente assustadora para os que não contam com Deus e o Salvador Jesus Cristo e se entregaram completamente às preocupações do mundo e aos desejos da carne, enquanto não se convertem seriamente a Deus.
Artigo 17 Filhos de crentes que morrem na infância
Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base na sua Palavra. Ela testifica que os filhos de crentes são santos, não por natureza mas em virtude da aliança da graça, na qual estão incluídos com seus pais. Por isso os pais que temem a Deus não devem ter dúvida da eleição e salvação de seus filhos, que Deus chama desta vida ainda na infância.
Artigo 18 Protesto não, e sim, adoração
Àqueles que reclamam contra esta graça de eleição imerecida e a severidade da justa reprovação nós replicamos com esta sentença do apóstolo: Quem és tu, ó homem para discutires com Deus?! (Rm 9.20). E com esta palavra do Salvador: Porventura não me é lícito fazer o que quero do que é meu? (Mt 20.15). Nós, entretanto, adorando reverentemente estes mistérios, exclamamos com o apóstolo: Ó profundidade do riqueza, tanto do sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juizos e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém (Rm 11.33¬)



REJEIÇÃO DE ERROS
Tendo explicado a doutrina ortodoxa de eleição e reprovação, o Sínodo rejeita os seguintes erros:
Erro 1 A vontade de Deus para salvar aqueles que crerem e perseverarem na fé e na obediência da fé é o decreto inteiro e total da eleição para a salvação. Nada mais sobre este decreto foi reve-lado na Palavra de Deus.
Refutação Este erro engana aos simples e claramente contradiz a Escritura. Ela testifica não apenas que Deus salvará aqueles que crêem mas também que escolheu pessoas específicas des-de a eternidade. Nesta vida ele dará a esses eleitos a fé em Cristo e a perseverança, que ele não dá a outros; como está escrito: Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo (Jo 17.6).
...e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna (At 13.48), ... como nos esco-lheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele ... (Ef 1.4).
Erro 2 Há vários tipos de eleição divina para a vida eterna. Uma é geral e indefinida, e outra é particular e definida. Esta última eleição ou é incompleta, revogável, não decisiva e condicional, ou é completa, irrevogável, decisiva e absoluta. Do mesmo modo, há uma eleição para a fé e outra para a salvação. Portanto a eleição pode ser para a fé justificante, sem ser decisiva para a salvação.
Refutação Isto é uma invenção da mente humana, sem nenhuma base na Escritura. Essa inven-ção corrompe a doutrina da eleição e quebra a corrente de ouro da nossa salvação. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou (Rm 8.30).
Erro 3 O bom propósito de Deus do qual a Escritura fala na doutrina da eleição não significa que ele escolheu certas pessoas e não outras, mas que ele, dentre todas as condições possíveis (in-clusive as obras da lei), ou seja, dentre todas as possibilidades, escolheu como condição de salvação o ato de fé, que é, de si mesmo, sem mérito, e a obediência imperfeita da fé. Na sua graça ele a considera como obediência perfeita e digna da recompensa da vida eterna.
Refutação Este erro perigoso invalida o bom propósito de Deus e o mérito de Cristo, e desvia as pessoas, por questões inúteis, da verdade da justificação graciosa e da simplicidade da Escritura. Ele acusa de falsidade esta declaração do apóstolo: ... que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos (2 Tm 1.9).
Erro 4 A eleição para a fé depende das seguintes condições prévias: o homem deve fazer uso adequado da luz da natureza e deve ser piedoso, humilde, submisso e qualificado para a vida eterna.
Refutação Assim parece que a eleição depende destas coisas. Isto tem o sabor do ensinamento de Pelágio* e está em conflito com o ensino do apóstolo em Efésios 2.3 9: ... entre os quais tam-bém todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo pela graça sois salvos e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça e bondade para conosco em Cristo Jesus, Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
Erro 5 - A eleição incompleta e não definida de certas pessoas para a salvação se baseou nisto:
Deus previu que elas começariam a crer, se converteriam, viveriam em santidade e piedade, e que até continuariam nisto por algum tempo. Eleição completa e definitiva de pessoas, porém,
ocorreu porque Deus previa que elas perseverariam em fé, conver¬são, santidade e piedade até o fim. Isto é, constitui a dignidade graciosa e evangélica pela qual a pessoa que é escolhida é mais digna que outra que não é escolhida. Conseqüentemente a fé, a obediência de fé, a piedade e a perseverança não são frutos da imutável eleição para glória. São condições e causas previamente requeridas e previstas como cumpridas naqueles que serão eleitos completamente. Só com base nestas condições ocorre a eleição imutável para a glória.
Refutação Este erro está em conflito com toda a Escritura que repete constantemente para nos-sos ouvidos e corações, estas e semelhantes afirmações: a eleição não [se dá] por obras mas por aquele que chama... (Rm 9. 11), ... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna; (At 13.48) ... nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis perante ele... (Ef 1.4); não fôstes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros... (Jo 15. 16); ... se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça (Rm 11. 6). Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu filho... (Mo 4. 10).
Erro 6 Nem toda eleição para a salvação é imutável. Alguns dos eleitos podem perder se e de fato se perdem eternamente, não obstante qualquer decreto de Deus.
Refutação Este erro grosseiro faz Deus mutável, destrói o conforto dos crentes quanto à cons-tância de sua eleição e contradiz a Escritura: os eleitos não podem ser enganados (Mt 24.24). E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu... (Jo 6.39); E aos que predestinou a esses também chamou; e aos que chamou a esses justificou; e aos que justificou a esses também glorificou (Rm 8.30).
Erro 7 Nesta vida não há fruto, consciência ou certeza da eleição imutável para a glória, exceto a certeza que depende de uma condição mutável e incerta.
Refutação Falar acerca de uma certeza incerta é não apenas absurdo mas também contrário à experiência dos santos. Sentindo sua eleição, eles se regozijam junto com o apóstolo e glorificam este beneficio de Deus (cf. Ef 1. 12). Conforme o mandamento de Cristo eles se regozijam junto com os discípulos por seus nomes estarem escritos nos céus (Lc 10.20). Eles colocam a consciência de sua eleição contra os dardos inflamados das tentações do dia¬bo, quando perguntam: Quem intentará acusação contra os elei¬tos de Deus? (Rm 8.33).
Erro 8 Deus não decidiu, simplesmente com base em sua justa vontade, deixar ninguém na que-da de Adão e no estado co¬mum de pecado e condenação. Nem decidiu preterir ninguém quan¬do deu a graça, necessária para a fé e a conversão.
Refutação Pois isto é certo: Logo, tem ele misericórdia de quem quer, e também endurece a quem lhe apraz (Rm 9.18). E também isto: ... Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido (Mt 13. 11). Igualmente: ... Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e do terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi de teu agrado (Mt 11.25,26).
Erro 9 Deus envia o Evangelho a um povo mais que a um outro, não meramente e somente por causa do bom propósito de sua vontade, mas por ser este melhor e mais digno que o outro, ao qual o Evangelho não é comunicado.
Refutação - Moisés nega isto quando se dirige ao povo de Israel dizendo: Eis que os céus e os céus dos céus são do SE¬NHOR teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão somente o SENHOR se afeiçoou a teus pais para os amar: a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê(Dt 10.14,15). E Cristo diz :Ai de ti, Corazim ! Ai de ti, Betsaida ! Porque, se em Tiro e em Sidorn se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependi¬do, com pano de saco e cinza (Mt 11.21).




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