domingo, 22 de agosto de 2010

SOMOS DO SENHOR

Contentamento não é, apenas uma manifestação de alegria; é um princípio bíblico. Não depende de circunstâncias externas, mas de uma ampla visão espiritual da realidade. O
contentamento não está atrelado a determinado tipo de personalidade, geralmente mais dócil; os mais empedernidos e críticos, também, precisam aquilatá-lo. Há um exército de descontentes à nossa volta. São empregados descontentes com as funções que lhe são
atribuídas, e desempregados, evidentemente, descontentes com a falta de emprego. São os contribuintes que precisam pagar elevadíssimos impostos e taxas, e uma parcela considerável da população que encontra meios de isenção, mas nem por isso fica satisfeita. São os que não conseguem tirar férias, e os que saem para viajar, mas estão descontentes com as estradas, a sujeira nas praias, os preços exorbitantes. A depender de determinadas situações ninguém fica absolutamente satisfeito. Na verdade, o atendimento de necessidades materiais, psicológicas, e até mesmo morais, não
encerra o preenchimento das nossas carências. Há que ser vista a necessidade
espiritual. E, é neste ponto, que se estabelece o princípio do contentamento. O Apóstolo Paulo fez a sua profissão de fé declarando: “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13). Geralmente, tomamos este testemunho como uma fórmula mágica que pode nos conferir poderes cósmicos.Dificilmente pensamos no poder
de Deus nos dando força para suportar as adversidades, passar por crises sem perturbação, vencer a procela do mar revolto até a bonança. Foi este o sentido que Paulo quis dar; ele afirma que teve experiência de humilhação e de honra, fartura e de fome, de abundância e de escassez (v. 12). Tudo isso o ensinou a “viver contente em toda e qualquer situação” (v. 11). O contentamento é um exercício de fé. “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11.1). Muitos crentes revelam uma fé circunstancial. Se tudo vai bem, então, há fé. Mas a verdadeira fé resiste às provações. Se cremos num Deus que dá alimento às aves do céu, que veste os lírios da campo, certamente ele vai cuidar de nós, mesmo que sejamos homens de pequena fé (Mateus 6.26-30). A ansiedade e inquietação pelo alimento, pela veste, pelos cuidados temporais são expressão de incredulidade.
Se cremos na providência divina, não nos deixaremos abalar pelos tempos difíceis. Pelo contrário, haveremos de exercitar nossa fé. O contentamento revela nossos
verdadeiros valores. A passagem de Mateus 6.19-34 fala insistentemente de coisas valiosas: tesouros (v. 19, 20), tesouro (v. 21), riquezas (v. 24), valer mais (v. 26). Quais são as realidades mais preciosas para nós? O que ocupa mais a nossa mente: a vida financeira ou a vida espiritual? Sentimos mais pesar pela perda de um ente querido ou pela perda de algum dinheiro? Ou por outra: ficamos mais alegres por encontrar um ombro amigo na hora da angústia ou por ganhar um aumento de salário?
Tesouros celestiais permanecem, ao passo que, tesouros terrenos são corroídos.
O contentamento expressa nossa política de vida. “Não podeis servir a Deus e as riquezas” (v. 24). Qual o sentido desta afirmação de Jesus? Jesus estaria propondo que nos fechássemos dentro do Templo para orar dia e noite, deixando de ganhar a vida no mundo? É evidente que não. Por outro lado: ou iremos servir às nossas riquezas e interesses pessoais, usando a Deus, ou iremos servir a Deus, usando tudo o que temos e somos. Afinal, somos ou não somos do Senhor?


Rev. Juarez Marcondes Filho
Pastor da Igreja Presbiteriana de Curitiba

Boletin Nº 3048 (22/08/2010)
www.ipbctba.org.br